" Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma
montanha " ( Confúcio )

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Adiado Mais Uma Vez a Assembléia de Credores da Busscar

Futuro da Busscar Foi Novamente Adiado
Assim como aconteceu em maio, novamente o Centreventos Cau Hansen foi palco de um clima tenso, onde foi adiada novamente a decisão sobre o futuro da empresa joinvilense Busscar, que está em fase de recuperação judicial. A empresa joinvilense, precisa que os trabalhadores e os credores aceitem as condições do novo plano de recuperação, para que a empresa possa se reerguer e voltar a produzir. Em torno de 3000 credores comparecem a votação, 700 a menos do que a realizada em maio. Porém a situação não é fácil, pois a Busscar apesar de dizer que tem a maioria dos funcionários, cerca de 1900 ( 1.100 procurações da Tecnofibras e 800 da Busscar ), a sua principal barreira é vencer os seus principais credores, o Banco Santander e o BNDES ( O Santander detém 48,3% de poder de decisão neste grupo, e o BNDES possui 34% ).
Por essa reprovação do plano por parte dos credores, a Busscar via que o seu futuro seria decretar a falência, e em mais uma manobra para tentar forçar os trabalhadores e os credores aceitarem o plano goela abaixo, decretaram pela 2ª vez o adiamento da votação. Chegou até a ser feito uma votação, na qual seria definido se seria suspensa a votação do novo plano de recuperação, ou se votasse o plano ainda hoje.
A espera por uma decisão sobre a proposta, fez com que
muitos trabalhadores ficassem irritados com a demora de uma solução. Depois de quase 6 horas de duração da assembleia, o administrador judicial da Busscar, Rainoldo Uessler, anunciou novamente o adiamento da decisão sobre o plano para mais 30 dias, para que os credores tivessem a oportunidade de " debater ainda mais a proposta ", como se já não houvesse tempo hábil para isso ...
A Busscar conseguiu negociar com os seus ex-sócios, Valdir e Ilonie Nielson, tios de Cláudio Nielson, já que eles tiveram o direito de voto restabelecido pelo TJ-SC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) e sozinhos poderiam decretar a falência da empresa, pois detêm juntos o poder de decisão de 52,2% no grupo quirografário. A Busscar reconheceu a dívida de R$ 152,5 milhões para cada um dos 2 sócios e se dispôs a pagar a dívida com 73% de desconto. Assim, os R$ 305 milhões serão reduzidos para R$ 82,3 milhões. O pagamento deverá ocorrer com uma carência de 48 meses. Após esse período, R$ 20 milhões serão pagos em 96 parcelas e os outros R$ 62,3 milhões serão pagos em mais 16 parcelas trimestrais.
Como a Busscar conseguiu  82,52% dos credores das três classes ( Trabalhista, garantia real e quirografários ) foi adiada a votação do plano de recuperação, pois alegavam grandes chances de o plano ser aprovado por unanimidade pelas 3 classes, e por um fim a essa pendenga que já perdura por mais de 2 anos.
Em uma entrevista dada ao Jornal ANotícia, o próprio presidente da Busscar disse que as tais ações que eles pagariam aos trabalhadores, não teriam inicialmente nenhum valor de mercado " ainda ", mas segundo ele, os trabalhadores poderiam obrigar a empresa a recomprar essas ações depois de passados os 12 meses, mas dá um " concelho ", orientando os trabalhadores a não venderem as ações cedo, pois elas poderiam lucrar muito a longo prazo. A forma discreta e sutil de dizer que não teria dinheiro em caixa, mostra o quanto eles subestimam a inteligência dos seus trabalhadores, que esperam para receber o lhe é seu de direito. Os trabalhadores precisam receber os seus mais de 27 meses de salários atrasados e encerrar essa história, para poder seguir as suas vidas com um caminho profissional novo.
O mais complicado, é que nessa assembléia melhorarm o lado dos tios da empresa, na próxima vão melhorar o lado dos bancos, e quando os trabalhadores terão algum benefício ??? Pelo que ví, a tendência é quem leve a pior nessa história são os trabalhadores, pois cerca de 1900 trabalhadores assinaram uma procuração para que a Busscar vote para eles ... Isso não se faz, assinar um cheque em branco e dar o seu direito de voto ... A única arma que os trabalhadores poderiam ter foi quebrada, e agora se esse plano for novamente aprovado, daqui a 2 anos a empresa vai abrir falência novamente, e desta vez não ter dinheiro para pagar as dívidas trabalhistas, já que será tudo vendido para a Busscar tentar se reerguer .. Se isso acontecer, mais uma vez os trabalhadores vão ficar chupando o dedo, e agora que a Busscar detém a maioria dos trabalhadores, vão utilizar dessas procurações e fazer o que querem ..
As tais ações são bastante questionadas, pois além de não valer nada, ainda a Busscar obriga aos seus trabalhadores só vender as ações para a própria empresa, e não para uma empresa ou investidor. Além disso, o plano de recuperação não dá segurança aos trabalhadores, pois a empresa precisa de mais funcionários, capital de giro, reestruturar-se no mercado, adquirir confiança dos clientes, coisa que demoraria muito tempo para uma empresa, ainda mais uma que está a beira da falência. A Busscar se firma apenas em hipótes e não em algo concreto, só na base do " se der certo ", " se vier clientes ", " se isso, se acolá .. "
É lamentável a empresa não assumir os seus erros, e querer suprimir o direito dos trabalhadores .. Esse retrocesso mostra o quão omissos estão querendo ser, e querem enrrolar e enrrolar até que venha uma proposta agradável a empresa. Tenho certeza que a Busscar entrou nesse processo de falência pela falta de gestão, e não por culpa dos trabalhadores ...

Nenhum comentário:

Postar um comentário